Houve duas coisas que João Batista pregou a respeito da pessoa de Cristo. Primeiro que Ele era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e, segundo, que Ele batizaria Seus discípulos com o Espírito Santo e com fogo.
O sangue do Cordeiro e o batismo do Espírito eram as duas verdades centrais de seu credo e pregação. Elas são, de fato, inseparáveis. A Igreja não pode realizar sua obra em poder, nem o seu Senhor exaltado pode ser glorificado nela a menos que o sangue como a pedra fundamental e o Espírito como a pedra angular sejam plenamente pregados. Isto nem sempre tem sido feito, mesmo entre aqueles que de todo o coração aceitam as Escrituras como seu guia. A pregação do Cordeiro de Deus, Seu sofrimento, expiação, perdão e a paz através d´Ele são mais facilmente compreendidos e mais prontamente influenciam nossos sentimentos do que a verdade espiritual do batismo, habitação e liderança do Espírito Santo. O derramamento do sangue de Cristo aconteceu na Terra; foi algo visível e evidente e, em virtude dos sinais, completamente inteligível.
O derramamento do Espírito aconteceu do céu, um mistério divino e oculto. O derramar do sangue foi para os impiedosos e rebeldes; o dom do Espírito, para o obediente e amoroso discípulo. Não é de admirar que a Igreja, frequentemente deficiente em amor e obediência, considere mais difícil receber a verdade do batismo do Espírito do que a da redenção e perdão. E ainda assim, Deus não desejava isso.
A promessa do Antigo Testamento fala do Espírito de Deus dentro de nós. O precursor (João Batista) seguiu a mesma linha e não pregou o Cordeiro remidor sem deixar de nos dizer até onde chegaria nossa redenção e como o supremo propósito de Deus seria cumprido em nós. O pecado trouxe não somente culpa e condenação, mas degeneração e morte. Incorreu não somente na perda do favor de Deus, como também nos fez inadequados para a comunhão divina. Sem comunhão, o Amor que criou o homem não poderia estar satisfeito. Deus nos queria para Ele mesmo – nosso coração, afetos, personalidade íntima e nosso verdadeiro ser – uma morada para Seu amor, um templo para Seu louvor. A pregação de João incluiu tanto o começo como o fim da redenção: o sangue do Cordeiro foi para purificar o templo de Deus e restaurar o Seu trono dentro do coração. Somente o batismo no Espírito Santo e Sua plena habitação podem satisfazer o coração de Deus e do homem. Jesus daria somente aquilo que recebeu. Porque o Espírito pousou n´Ele quando foi batizado, Ele poderia batizar com o Espírito. O Espírito descendo e habitando n´Ele significava que Ele havia nascido do Espírito Santo; no poder do Espírito havia crescido; havia entrado na humanidade livre de pecado, e agora havia vindo a João para cumprir toda a lei da justiça pela submissão ao batismo de arrependimento, apesar de não haver pecado. Como recompensa por Sua obediência, Ele teve o selo de aprovação do Pai. Ele recebeu uma nova comunicação do poder da vida celestial. Além daquilo que Ele já havia experimentado, a presença e o poder residente do Pai tomaram posse d´Ele e O equiparam para Sua obra. A liderança e o poder do Espírito se tornaram Seus de maneira mais consciente do que antes (Lc 4.1,14,22); Ele estava agora ungido com o Espírito Santo e com poder.
Apesar de batizado, Ele ainda não podia batizar outros. Primeiro, no poder de Seu batismo, Ele deveria enfrentar a tentação e vencê-la. Ele teria que aprender a obediência e sofrimento e, através do Espírito eterno, oferecer-se a Si mesmo como sacrifício a Deus e à Sua vontade – somente então Ele receberia o Espírito Santo como recompensa da Sua obediência (At 2.33) com o poder de batizar todos os que pertencem a Ele. A vida de Jesus ensina-nos o que é o batismo do Espírito. É mais do que a graça pela qual nos voltamos para Deus, somos salvos e buscamos viver como filhos de Deus. Quando Jesus lembrou Seus discípulos da profecia de João (At 1.4-5), eles já eram participantes da graça. O batismo com o Espírito significava algo mais. Seria a presença consciente do Senhor glorificado descendo dos céus para habitar em seus corações. Seria a participação deles no poder de Sua nova vida. Era um batismo de regozijo e poder. Tudo o que eles haveriam de receber em sabedoria, coragem e santidade tinha suas raízes nisso: o que o Espírito foi para Jesus quando Ele foi batizado, o vínculo vivo com o poder e a presença do Pai, Ele seria para os discípulos. Através do Espírito, o Filho manifestaria
a si mesmo, e o Pai e o Filho fariam morada neles. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33). Esta palavra é para nós assim como foi para João. Para sabermos o que significa o batismo do Espírito e como haveremos de recebê-lo, devemos olhar para Aquele sobre quem o Espírito desceu e pousou. Devemos ver Jesus batizado com o Espírito Santo. Ele necessitava desse batismo, foi preparado e rendeu-se a ele. Foi através do poder do Espírito Santo que Ele deu Sua vida e então ressuscitou dos mortos. O que Jesus tem a nos dar, Ele primeiramente recebeu e pessoalmente apropriou-se; o que Ele recebeu e ganhou para Si mesmo foi totalmente para nosso benefício. Permita, então, que Ele lhe dê esta dádiva.