Celebrando Deus

Ressuscitou ao Terceiro Dia

Esta é a afirmação mais espantosa jamais feita sobre alguém na história do mundo. Alguém morto e sepultado, contudo física, literal e historicamente ressuscitado daquela condição. Quais devem ser as implicações cósmicas deste fato incrível? Ele ressuscitou, “segundo as Escrituras”, o Antigo Testamento. Esta não foi nenhuma mera ressuscitação ou recuperação temporária, como Lázaro, que posteriormente morreu! Pedro interpreta este evento dizendo:

“… porque era impossível que a morte o retivesse [a Cristo]” (At 2.24–NVI). Não é de admirar, pois se Deus tornou-Se Homem, então não é de admirar que Ele fosse capaz de tratar com o nosso maior problema, a morte! E por que Ele teria vindo? Temos um problema maior do que o pecado e seu resultado, que é a morte? Pedro afirma que Davi, centenas de anos antes do evento, “vendo o que estava adiante, falou da ressurreição de Cristo”. O fato é que a cristandade se levanta ou cai com a ressurreição – é o maior milagre ou a maior ilusão que a História registra.

O que temos de perguntar é: como a ressurreição de Cristo, há dois mil anos, impacta nossa vida? Ela tem importância em pelo menos três áreas:

1. Nossa Percepção de Deus. O que é mais difícil de acreditar do que a ressurreição é que a Divindade foi modificada desde a Ascensão de Cristo ao céu. A nossa humanidade foi levada acima para a Divindade! Paulo fala de Cristo no céu como o nosso atual mediador (1 Tm 2.5):

“… há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”. Isso não significa que Cristo não é Deus, mas que Ele está nos representando em Sua humanidade perfeita, o mesmo tipo de humanidade que teremos depois da nossa ressurreição. Isso também significa que a ressurreição física de Cristo valida a nossa humanidade, pois ela não foi uma ideia tardia no que concerne a Deus. Ele planejou que a nossa humanidade fosse eterna, mesmo antes da queda. Isso rejeita a ideia gnóstica de que o material, o físico, é mau. Rejeita o conceito de que a alma é pura e está aprisionada no corpo. Dá um valor e importância muito maior ao corpo físico do que possivelmente podemos imaginar, o nosso corpo é o lugar de habitação de Deus pelo Seu Espírito Santo. A natureza do corpo da ressurreição é diferente do nosso estado presente, mas há uma conexão direta entre o nosso corpo físico presente, que é mortal, e o corpo que receberemos na ressurreição, que será físico, mas imortal. Temos, portanto, nosso “grande sumo sacerdote que adentrou os céus… que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb 4.14-15 – NVI). Cristo não entrou num santuário feito por homem, Ele entrou “no próprio céu agora para aparecer por nós na presença de Deus”. A nossa percepção de Deus agora consiste em que Ele está do nosso lado, temos um , aquele que Advogado representa a nossa causa, porque Ele sabe de onde viemos. Foi explicado deste modo: “Cristo está na presença de Deus nos representando, exibindo, por assim dizer, em Sua própria pessoa o que Ele garante que seremos. Ele é a garantia para Deus de que, completamente indignos como somos, podemos nos tornar dignos da união e comunhão com Ele se apenas nos aproximarmos por meio de tal mediador” (James Denney – Estudos em Teologia). Quão maravilhoso é que o Próprio Deus toma da nossa humanidade e a incorpora à Sua deidade! Quão digno Ele é da nossa adoração e louvor. A intercessão de Cristo significa que Aquele que conhece o nosso caso, que tem acesso a Deus e está disposto e é digno de ser a nossa segurança, nos dá a Sua mão para nos conduzir à presença do Pai. Ele comparece por nós diante de Deus, compassivo, destruindo o pecado, prevalecendo, Cristo o Intercessor é Cristo o Redentor que de fato leva a cabo na glória esta obra de amor da qual temos visto os fundamentos postos na Terra. É esta figura de Cristo na qual, mais do que em outra qualquer, Ele parece ter emocionado e subjugado as almas dos primeiros cristãos e tê-los atado irrevogavelmente a Ele.

2. Nossa Posição em Cristo.

Precisamos considerar não só onde Ele está, mas onde estamos “n´Ele”.  Um dos aspectos mais importantes da obra de Cristo é a sua aplicação à nossa vida como crentes. Sabemos que Ele foi crucificado por nós, mas Paulo afirma muito claramente que “estou crucificado com Cristo” (Gl 2:19). Isso não pode ser tomado literalmente, Paulo não foi fisicamente crucificado com Cristo, mas é o significado da crucificação, morte para a própria vontade, pois até mesmo Cristo disse “não a minha vontade, mas a Tua seja feita” em relação à cruz. Cristo teve de fazer uma escolha deliberada para rejeitar a Sua própria vontade e aceitar a vontade do Pai, então nos identificamos com Cristo na rejeição da nossa própria vontade, da nossa própria preferência e da nossa própria inclinação de agradar a nós mesmos. O que a crucificação pessoal significa? Ela simplesmente significa, conforme Paulo afirmou: “Dia após dia, morro!” (1 Co 15.31), morro para minhas próprias escolhas. Não sou mais atraído pelo mundo porque “o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14). Porém o ponto não é apenas para enfatizar a morte de Cristo e nossa identificação nela, mas a ressurreição de Cristo e nossa identificação com este evento também. Paulo novamente afirma que “ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.15–NVI). Repetidas vezes os escritores do Novo Testamento identificam a “nova vida em Cristo” com a ressurreição de Cristo, sendo feito vivo em Cristo, para que “assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6.4–NVI). Assim como Ele foi ressuscitado dos mortos e agora Se assenta nas “regiões celestiais”, nós também fomos ressuscitados da morte espiritual e agora nos assentamos “com Cristo”. Paulo afirma claramente: “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus …” (Ef 2.6-7–NVI). É quando meditamos sobre esta verdade incrível, quando refletimos sobre o nosso lugar n´Ele, que nós mesmos somos mudados, não por olharmos morbidamente papara dentro, mas triunfantemente para o alto! “Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus… Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena…” (Cl 3.1-3, 5–NVI). O mistério da nossa transformação na Sua semelhança está diretamente ligado a nós olharmos para cima para refletir e se maravilhar de quem Ele é! “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito”(2 Co 3.18–NVI).

3. Nossas Perspectivas na Eternidade.

A implicação da ressurreição quanto ao nosso estado futuro é maravilhosa. Ela “excede todo conhecimento”, as palavras humanas não podem compreender a maravilha dela toda. Levará toda a eternidade para compreendermos o que nos aconteceu. Paulo indica que fomos ressuscitados com Cristo, mas muitas vezes nos esquecemos da razão: “… para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus”(Ef 2.7–NVI). O fato da ressurreição física de Cristo é primeiramente a garantia da nossa ressurreição física, pois Ele é chamado de “primícias” daqueles que serão ressuscitados. Não há nenhuma doutrina de espíritos desincorporados no Novo Testamento. Esperamos a adoção de filhos, “a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos” (Rm 8.23-24–NVI). Sabemos que, “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1 Jo 3.1-3). Aqui parece haver uma relação direta entre como nos comportamos e o que fazemos com o nosso corpo agora, e que natureza de corpo de ressurreição teremos. Isso parece ser insinuado muitas e muitas vezes nas epístolas. Possa o significado da Sua ressurreição, e da nossa identificação com Ele, tornar-se uma experiência de transformação em nossa vida para Sua glória, para a nossa bênção e bênção de outros.