Na epístola aos Hebreus no capítulo 10 e o versículo 22, podemos ver a realidade espiritual do que significa ver a Deus: “aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura”. Quero fazer uma análise mais detalhada deste texto:
1º.“aproximemos” – Só iremos compreender o peso desta palavra se examinarmos o contexto dela. Observe que a seção deste capítulo onde ocorre esta palavra inicia no versículo 19: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos…”. O “aproximar” aqui tem íntima relação com “entrar no Santos dos Santos”. O escritor desta epistola usa esta palavra em sete referências, vamos observar alguns destes textos para vermos sua aplicação:
Hb 4.16: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça…”.
Hb 7.25: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus…”.
Hb 10.1: “… nunca jamais pode tornar perfeitos…”.
Hb 11.6: “… aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe…”.
Hb 12.18: “Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade”.
Hb 12.22: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia”.
2º.“sincero coração” – a expressão “sincero” ocorre três vezes nesta epistola: Hb 8.2; 9.24. Nestes dois textos o sentido é: “verdadeiro”.
3º.“plena certeza de fé”. O sentido aqui é de “completa segurança”. Nossa fé não pode ser abalada, deve ser segura, firme e incontestável. No capítulo 11 versículo 6, nos dá maior significado desta grandiosa segurança: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.
4º.“coração purificado de má consciência” – uma chave para você compreender esta frase está em examinar a palavra “má”. No original é poneros que significa “perverso”, “iníquo”. Mateus 7.21-23 define para nós toda natureza desta palavra: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”. Nossa consciência pode ser maculada por causa dessas imundícias que podem entrar e fazer morada em nós. No capítulo 3 desta epístola aos Hebreus podemos ver com clareza o que está exposto sobre um coração encharcado de perversidades: “… perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” (Hb 3.12).
Participar da comunhão eterna com Deus na experiência da vida no lugar Santíssimo não é uma prioridade para nossa vida futura, e uma experiência presente. Podemos viver nossa vida aqui hoje desfrutando deste gozo espiritual. O versículo 19 do capítulo 10 de Hebreus é claro quando diz: “Tendo, pois irmão, intrepidez para entrar no lugar Santíssimo….”. Precisamos permitir que o Espírito de Deus nos impressione com este texto. Parece-me que do ponto de vista da experiência cristã não podemos encontrar nada que seja maior do que isso.
A expressão “tendo” é uma posse segura, aquilo que podemos segurar com firmeza. Fala da posse de uma propriedade ou riquezas. Uma outra palavra que merece nossa apreciação é “intrepidez” que no original é parrhesia que significa: “confiança aberta e destemida”, “coragem entusiástica”, “audácia”, “segurança”. De onde podemos ter esta ousadia? O texto em sua sequencia nos diz: “pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (v.20). Aqui está a base de tudo. Graças a Deus! Só podemos aproximar e desfrutar da presença de Deus, com um coração sincero e sem mácula, porque nosso Senhor Jesus foi a frente e abriu-nos o caminho. Sua obra não apenas abriu esse caminho ao Pai, mas também, pelo Seu sangue “que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hb 9.14). Não apenas abriu o caminho do desfrute da presença de Deus, mas também, opera em nós, realizando a eterna obra da redenção.