Celebrando Deus

Felicidade Enganosa

“A carne agrada à carne, produz o culto, e ela mesma se agrada do culto”

Vamos ler Oséias 8.13, pois há um princípio espiritual muito interessante neste versículo. O Senhor exortou a seu povo através de Oséias assim: “Eles amam o sacrifício; por isso sacrificam. Porque gostam de carne, e a comem. Mas o Senhor não os aceita”. Irmãos, este versículo é muito claro sobre o que é o culto na carne.

Por que o povo de Israel, mesmo desviado de Deus, continuava lhe rendendo culto? Por que eles faziam isto? Porque eles amavam o culto, amavam o sacrifício. Por isso sacrificavam, porque gostavam da carne e a comiam. Havia algo neste tipo de culto que agradava à carne, porque provinha da própria carne. A carne agrada à carne, a carne produz o culto, e ela mesma se agrada do culto.

Podemos terminar uma reunião e dizer assim: ‘Que agradável foi a reunião!’. E isso pode ter dois sentidos. Se o Senhor realmente imprimiu em nosso espírito que Ele foi glorificado nessa reunião, Ele nos falou com o coração, Ele recebeu a nossa adoração, nos prostramos em Sua presença e Ele ficou satisfeito, então, amém, que preciosa reunião.

Mas, por outro lado, nós podemos ser agradados, nossa carne pode encontrar muita satisfação, mas o Senhor não ser realmente cultuado. Eles amavam o sacrifício; por isso sacrificavam, gostavam da carne e a comiam. Mas observem a sequencia do versículo: “Mas o Senhor não o aceita”. Por quê? Porque proveio da própria carne. Então, este é um assunto muito sério. A carne imita o culto a Deus e satisfaz a nós mesmos; temos um sentido de satisfação em nós mesmos.

Vejam como Paulo segue neste texto aos colossenses. Versículo 23: “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum contra a sensualidade”. Esta tradução que lemos, tanto em português como em espanhol, diz que este tipo de culto não tem valor contra a sensualidade.

Há outra tradução possível desta expressão na língua original, como um complemento, e ela é muito interessante. Diz que este tipo de culto não tem nenhum valor «senão para a satisfação da carne». Muito interessante. Há um duplo sentido. Em primeiro lugar, este tipo de culto não tem nenhum valor contra a carne, contra a sensualidade; ao contrário, tem valor para a satisfação da carne e para a sensualidade. A sensualidade é que toca as coisas dos sentidos.

Segundo a Bíblia, isso é ser sensual. Judas os define como “os sensuais, que não têm o Espírito”, homens dos sentidos, que procuram o que lhes agrada, e andam segundo os seus apetites e desejos. ‘Se isso me faz bem, então isso é bom; se me faz feliz, então isso é bom. O padrão sou eu. Se eu estiver bem, se estiver feliz, então isso é bom’. Que padrão enganoso!

Há muitas coisas que, apesar de nos fazer infelizes, são o próprio trabalhar de Deus em nós. Nossa busca não deveria ser a felicidade, porque segundo a Bíblia, ela é um subproduto da santidade. Como sabemos? No Sermão do Monte, nosso Senhor disse assim: “Bem-aventurados – felizes, cheios de alegria – os pobres de espírito… os mansos… os limpos de coração…”. O que é que o Senhor está nos ensinando? Que a felicidade, segundo a ordem de Deus, é um subproduto, um resultado. Nós cristãos não buscamos a felicidade – buscamos a santidade. Quanto mais santos formos, mais felizes seremos.

O que é a santidade? Segundo a Bíblia, não é deixar de fazer isto ou aquilo, vestir assim ou não vestir assim. Claro que afeta esse aspecto, mas a santidade está por detrás disso. A Bíblia define a santidade como «ser parecidos com Cristo». Santidade é piedade, ser parecidos com Cristo.

Por isso, o propósito de Deus é nos transformar de glória em glória, na sua própria imagem, a imagem do Filho. Porque o Filho unigênito foi feito o primogênito entre muitos irmãos, para que nós pudéssemos ser transformados a sua própria imagem, e ele fosse o primogênito entre muitos irmãos. Em outras palavras, entre muitos semelhantes a ele.

A felicidade, na Bíblia, é um resultado. Aqui, nós podemos errar frontalmente. Quando andamos segundo a carne, não há outra opção, senão um culto de nós mesmos; nós somos o centro, toda busca estará voltada para nós, toda felicidade depende de nós, daquilo que somos ou fazemos, daquilo que conquistamos.

Mas, segundo a Bíblia, quanto mais o caráter de Cristo é formado em nós, mais felizes somos; porque Cristo é o feliz, Cristo é o bem-aventurado. Todas as bem-aventuranças se referem a ele mesmo. Ele é o humilde de espírito, ele é o manso de coração, ele é limpo de coração. Então, quanto mais Cristo for formado em nós, mais santos seremos.

Oh, irmãos, que o Senhor nos ajude. Como tantas vezes esta palavra, santo, é tão mal compreendida por nós, porque nós olhamos sempre para o externo. ‘Santo é fazer assim, é não fazer assim, é falar assim e não falar assim, é vestir assim e não vestir assim’. Mas santo, segundo a Bíblia, é ser parecido com Cristo. Quando mais parecermos com Cristo, iremos falar como Cristo, pensar como Cristo, agir como Cristo.

Por isso, os discípulos, em Antioquia, pela primeira vez, foram chamados cristãos, porque eram tão parecidos com Cristo. Os homens olhavam e diziam: ‘Nós pusemos a Cristo no madeiro, mas estamos vendo pequenos cristos´. Esse é o sentido da palavra «cristãos». Foi usada em sentido depreciativo. Aquele Cristo desprezado, aquele judeu que dizia ser Deus, viveu daquela maneira, e agora ele tem milhares que parecem com ele, falam como ele, vivem como ele. Eles desprezaram então estas pessoas, e lhes chamaram «os cristãos».

Por isso, Paulo fala assim: “Parece que Deus pôs a nós apóstolos…”, a aqueles que eram mais parecidos com Cristo, que tinham mais de Cristo formado neles (1 Co 4). “Parece”, ou seja, essa não é a verdade, porque para Deus, nós somos os principais, somos seus filhos, sua herança, seu tesouro. Mas, no mundo, “parece” que Deus pôs aos apóstolos em último lugar, e somos considerados como o lixo do mundo e escória de todos.

Que palavra forte é esta! Qual é o motivo disto? Porque eles eram parecidos com Cristo. Por isso, Apocalipse define a todos nós, os irmãos, como os seguidores do Cordeiro para onde quer que ele vá. Essa é o nosso sublime chamamento.

Se o mundo nos rejeitar por causa de Cristo, mais bem-aventurados somos. Bem-aventurados são os perseguidos, não por causa de ideologias, mas por causa da justiça. Qual justiça? Quem é a justiça? O próprio Cristo. Ele nos foi feito da parte de Deus sabedoria e justiça. E a justiça, ali, tem a conotação de santidade. Então, bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, ou em outras palavras, por causa de serem parecidos com Cristo, “porque deles é o reino dos céus”.

Fonte – Parte da mensagem ministrada em Iquique (Chile, novembro de 2012)

Extraído da Revista Águas Vivas – Ano 14 • N° 69 • Janeiro – Fevereiro – Março 2013

Fonte: Rev. Aguas Viva-Ano14•N°69•Jan-Fev-Mar 2013