Celebrando Deus

Oração e Seus Aspectos Práticos

“Quatro termos que descrevem os degraus da Oração”

Examinemos os detalhes dos versículos 1 a 4 de 1ª Timóteo capítulo 2. Se não formos cuidadosos ao estudar estes termos descritos aqui, iremos tratar a oração de forma genérica.

 

DEESIS – A Profundidade do Nosso Relacionamento com Deus

Permita-me mostrar-lhe a didática de Paulo; primeiro ele vai falar da oração no sentido mais profundo e particular. E aqui ele usa um termo bem específico, veja: “a prática de súplicas”. O vocábulo para “súplicas” usado aqui é deesis – um termo usado 16 vezes em todo Novo Testamento.   Quando se estuda esta palavra descobrimos alguns textos que nos mostram seu caráter espiritual, vejamos:

Lc 2.37: “Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações”.

Ef 6.18: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito…”.

Quero inserir dois textos que Paulo usa para Timóteo:

1 Tm 5.5: “… persevera em súplicas e orações, noite e dia”;

2 Tm 1.3: “… me lembro de ti nas minhas oraçõesnoite e dia”.

Pois bem, sublinhe as frases: “noite dia”, “orando em todo tempo”, porque aqui temos o caráter dessa oração. Essa oração se encontra na esfera mais elevada do nosso relacionamento com Deus.

 

PROSOUCHE – A Profundidade do Nosso Viver Prático

Outro termo é usado logo a seguir que é orações. No original temos a palavra proseuche, que significa a “oração dirigida a Deus”. O Sentido aqui é a oração no aspecto objetivo, mas com um pequeno elemento, ela nos mostra o foco da oração – a oração é a Deus. Isto requer dizer que toda a oração deve estar relacionada com Deus. São 37 ocorrências em todo Novo Testamento; e quando examinamos cada um dos versículos, podemos ver que o Espírito Santo usa os escritores neotestamentário para nos mostrar que esta oração está relacionada com a vida prática da Igreja. Embora, seu caráter tenha uma conotação geral, podemos ver em cada texto a particularidade da vida prática. Observemos os textos especialmente em Atos dos Apóstolos onde ocorre este vocábulo:

At 1.14: “Todos estes perseveravam unânimes em oração…”.

At 2.42: “E perseveravam… nas orações”.

At 3.1:  “Pedro e João subiam ao templo para a oração…”.

At 6.4: “e, quanto a nós, nos consagraremos à oração…”.

At 10.4: “… As tuas orações… subiram para memória diante de Deus”.

At 10.31: “e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida… lembradas na presença de Deus”.

At 12.5: “Pedro, pois, estava guardado no cárcere; mas havia oração incessante a Deus por parte da igreja a favor dele”.

Escolhi ler estes textos em Atos dos Apóstolos, porque aqui temos o viver prático da Igreja, como uma escola do Espírito Santo para nós. Este livro abrange os 30 anos da história da Igreja. Se você e eu formos dedicados a estudar com esmero cada um destes textos segundo cada contexto, poderemos ver a definição profunda daquilo que é a oração no sentido prático do nosso viver espiritual. Nossa vida natural é cercada de complexidades, e por isso, temos que desenvolver a prática da oração, porque, por ela somos conduzidos a Deus em todas as esferas do nosso viver; e então, poderemos ter discernimento em todas as situações, e saberemos como orar.

 

ENTEUXIS – A Profundidade da Nossa Liberdade Diante de Deus

Agora, analisemos mais uma palavra usada pelo apóstolo aqui, que é “intercessões”. A expressão usada conforme o original é enteuxis. O sentido e de um “encontro” onde o pensamento proeminente é o de audácia e liberdade de acesso a Deus. Ocorre somente duas vezes em todo Novo Testamento:

1 Tm 4.5: “porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”.

Infelizmente, nestes dois textos não poderemos encontrar uma explanação contundente que nos mostrará com mais propriedade seu verdadeiro significado. Portanto, quero que você saiba que esse termo enteuxis vem de outro vocábulo que é entugchano que trás a ideia de “ir ao ou encontrar uma pessoa, especialmente com o propósito de conversar ou suplicar”. Em todo Novo Testamento podemos encontrar cinco ocorrências desta palavra:

At 25.24: “Então, disse Festo: Rei Agripa e todos vós que estais presentes conosco, vedes este homem, por causa de quem toda a multidão dos judeus recorreu a mim tanto em Jerusalém como aqui, clamando que não convinha que ele vivesse mais”.

Rm 8.27: “E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.

Rm 8.34: “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós”.

Rm 11.2: “… Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito de Elias, como insta [falar com instância, insistência] perante Deus contra Israel, dizendo”.

Hb 7.25: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.

Como vemos, o significado dessa oração é a nossa liberdade de estar diante de Deus por uma causa específica.

 

EUCHARISTIA – A Profundidade da Adoração

Procuremos agora, estudar mais uma palavra usada por Paulo para tratar de oração segundo o que ele escreveu a Timóteo. Ele prossegue dizendo: “ações de graças”. O termo usado de acordo com o original é eucharistia que significa: “gratidão pela misericórdia”. Adorar a Deus pela sua misericórdia. O termo “misericórdia” vem do latim misero = “misérias” e cardio = “coração”. A tradução é “carregar as misérias do outro no coração”. Na Bíblia temos o livro dos Salmos, e eles contêm 150 cânticos de louvor e oração. Nestes 150 salmos, temos 127 vezes a palavra “misericórdia” que no hebraico é checed que traduzindo para o grego é bethesdaque significa: “casa que flui” ou “casa de misericórdia”. Em primeira instância Paulo está exortando-nos a adorar a Deus pela Sua misericórdia. Misericórdia é Deus não dá ao homem aquilo que ele merece.

Por que Sinto encarregado de salientar este ponto particular? Bem, a razão é que se nós conhecemos a natureza da condenação por causa dos nossos pecados, e o que Deus teve que suportar para remover Sua ira de nós, teríamos um coração grato a todo tempo. Nossa gratidão a Deus deve ser algo continuo em nosso viver. Esta é uma das mais extraordinária verdade acerca da adoração em nosso coração. Se conhecermos as dimensões infinitas da misericórdia do Senhor, creio que seriamos mais quebrantados em nosso viver.

Jeremias escreveu: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22). Este texto por si só é o suficiente para que a cada manha estejamos em adoração a Deus por ser Ele misericordioso para conosco. Em Efésios capítulo 2 e os versículos 1 a 3, Paulo discorre sobre nossa condição em Adão; ele vai dizer que estávamos “mortos nos vossos delitos e pecados”, que andávamos “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”; andávamos  “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira”; e então, nos versículos 4 a 6 ele prossegue e diz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos d elitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Veja a misericórdia de Deus. Todos nós éramos descritos por estes textos, porém, Deus em Sua infinita misericórdia “nos deu vida juntamente com Cristo”. Agora observe que ele cita a “graça” — “pela graça sois salvos”.  Se Ele não fosse misericordioso para conosco jamais poderíamos receber Sua graça. Foi a vida nos dada pela Sua misericórdia que nos habilitou a receber a graça.

 

A Oração Aceitável Diante de Deus

Nos versículos 3 e 4 Paulo diz: “Isto é bom e aceitável diante  de Deus…”. Este texto é muito importante dentro do contexto, porque ele nos leva a proposição final do assunto. Observe que nos versículos 1 a 4, temos os quatro degraus da oração:

1º – DEESIS – A Profundidade do Nosso Relacionamento com Deus.

2º – PROSOUCHE – A Profundidade do Nosso Viver Prático.

3º – ENTEUXIS – A Profundidade da Nossa Liberdade Diante de Deus.

4º – EUCHARISTIA – A Profundidade da Adoração.

Estes degraus nos mostram o caminho da oração aceitável diante de Deus. Todavia, há um detalhe que precisamos examinar com cuidado que está no final do versículo 1 e o inicio do versículo 2; leiamos: “… em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”. A pergunta é: O ensino de Paulo é que devemos orar por todos os homens e por todos que estão investidos de autoridade? Será esse o ensino aqui? Quando olhamos para nossa realidade contextual, podemos concluir que estamos vivendo em uma nação caída, governada por homens caídos, numa sociedade mergulhada em um caudal de pecados! Penso que não é isto que está na mente do apóstolo.

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