As palavras “Salmos para os filhos de Core”, são profundamente significativas e igualmente instrutivas, porque o termo “Coré” é mais ou menos o equivalente da nossa palavra “Calvário” – o lugar da caveira. Espiritualmente, portanto, estes “filhos de Coré” podem ser chamados de “filhos da Cruz”.
Alguns dos antigos liam assim estas palavras. Resumindo estes pontos, pode-se dizer que o salmo foi escrito para uso dos “filhos da cruz”, que estão passando pelo lagar no “Vale de Baca”.
UM SALMO PRA SER CANTADO NO LAGAR
Um salmo para ser cantado no lagar, isto, porque em algumas versões aparece: “sobre Gitit”. Gitit ou Gitite. Alguns têm sugerido que “Gitite” denota um tom associado com cânticos de vindima; porque, enquanto a uva estava sendo espremida, eles cantavam ao Senhor. Na Septuaginta grega e a Vulgata latina, portanto, “Gitite” e traduzido por “lagares de vinho”.
Só os “filhos da Cruz” podem cantar no lagar, pois só eles conhecem os segredos dos caminhos misteriosos de DEUS: que da morte surge a vida; do sofrimento, alegria celestial; do nada, a própria plenitude de DEUS.
Por isso eles não veem o lagar, que é uma figura da cruz na sua dor e perda exteriores, como os homens veem, mas do ponto de vista do “Tabernáculo do SENHOR dos Exércitos”, do santuário do coração de DEUS, e eles podem cantar no lagar quando veem o “vinho” da vida do céu espremido deles em benção de vida para a vida dos homens, e sabem que Aquele que pisa o lagar sozinho, por amor deles, é satisfeito.
“A MINHA ALMA SUSPIRA E DESFALECE PELOS ÁTRIOS DO SENHOR”
Os “filhos da Cruz” são aqueles que “suspiram e desfalecem pelos átrios do SENHOR”. Sabemos que no átrio está o Altar do sacrifício e a bacia de bronze. Estas duas figuras nos falam da obra da cruz e do ministério da Palavra.
Aqui há um jogo de palavras, porque quando ele diz: “ minha alma suspira”, o termo “suspiram” significa “desejar veementemente”; mas o termo “desfalecem” significa “perder a força”.
A “alma desfalecer” significa “perder sua força”; isto implica, que aquelas faculdades naturais da alma, como a mente, vontade e emoções, que são as faculdades que governam nosso homem natural, à medida que nós “suspiramos”pelos “átrios do SENHOR” elas vão se enfraquecendo, isto é, a vida do nosso ego vai perdendo a sua força. Diante dos “átrios do SENHOR” nosso ego desfalece, enquanto anelamos ardentemente pela presença do SENHOR.
Os versículos 4 e 6 dizem: “Bem aventurado os que habitam em Tua casa; louvam-te perpetuamente; o qual, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte”. A expressão “Baca” fala de um vale na Palestina, e também de um “arbusto que goteja uma seiva quando é cortado”. No hebraico esta palavra é “choro”. Baca é uma figura do sofrimento.
Estes textos nos ensinam que os filhos da cruz são aqueles que “habitam” em DEUS e O louvam, quando passam pelo “vale de Baca”. Por isso eles “vão indo de força em força”.
Este Salmo revela para nós a verdadeira prova espiritual dos filhos de Coré, aqueles que passaram pela grande experiência de ser livrados da condenação, e em face a tudo isso, se tornaram adoradores. Conheceram o mistério da graça de DEUS; ao invés de se tornarem rancorosos, amargurados, foram progenitores de uma geração de adoradores.