O enchimento do Espírito Santo requer purificação. Esse fato é revelado muito claramente em duas ordenanças dadas aos cristãos.
“E não entristeçais o Espírito Santo…” (Ef 4.30)
O verbo entristecer é uma palavra de amor. Você não consegue entristecer quem não o ama. Você pode feri-lo ou irar-se contra ele, mas não consegue entristecê-lo. O Espírito Santo é uma Pessoa amorosa, carinhosa e sensível. Entristecê-lo significa que estamos provocando dor em alguém que nos ama. Como podemos saber o que o entristece? Por meio de seus nomes, que também indicam a sua natureza.
Ele é o Espírito da Verdade (Jo 14.17). Tudo o que é falso, prejudicial, hipócrita – o entristece. Há alguma mentira em sua vida? Se houver, não espere ser cheio do Espírito da verdade enquanto seu coração não for purificado.
Ele é o Espírito da Fé (2 Co 4.13), por isso a dúvida, a incredulidade, a desconfiança, a preocupação e a ansiedade o entristecem. Você duvida de sua Palavra? Há alguma descrença com relação às verdades fundamentais da salvação? Você se preocupa por causa de seus negócios, seus filhos, sua saúde? Se é assim, você está entristecendo o Espírito da fé, e ele não pode enchê-lo.
Ele é o Espírito da Graça (Hb 10.29), e tudo o que é duro, amargo, desagradável, ingrato, malicioso e indisposto a perdoar o entristece. Existe alguém que você não perdoa ou com quem você não quer nem falar? Há alguém com quem tenha brigado? Existe no seu coração amargura para com Deus? Você passa seus dias murmurando contra suas circunstâncias? Então, não ore pedindo o enchimento do Espírito a não ser que esteja disposto a ser purificado.
Ele é o Espírito de Santidade (Rm 1.4), por isso qualquer coisa impura, degradante ou corrompida o entristece. Você nutre pensamentos impuros? Você lê livros sujos? Você tem quadros imorais pendurados nas paredes de sua casa? Você ouve histórias degradantes? Se é assim, você está entristecendo o Espírito Santo.
Ele é o Espírito de Sabedoria (Ef 1.17), e a ignorância, a presunção, a arrogância e a insensatez o entristecem. O Espírito Santo está sempre pronto para nos ensinar e nos revelar as profundezas da Palavra. A nossa ignorância da Bíblia, o orgulho do próprio conhecimento e capacidade e nossos caminhos insensatos o entristecem.
Ele é o Espírito de Poder, Amor e Moderação (2 Tm 1.7); por isso, nossa fraqueza, improdutividade, desordem e falta de controle o entristecem. Há milhares de pessoas ao seu redor que ainda não foram salvas e não conhecem o Evangelho. Talvez algumas delas estejam em sua própria família. Por que Cristo ainda não as conquistou? Porque os canais que deveriam conduzir o seu poder estão entupidos pelo pecado. Você está amargurado porque foi injustiçado? Permitiu que sua vida fosse envenenada pelo ódio? Você tem dado dando lugar a seus apetites e desejos carnais e suas fraquezas temperamentais? Tudo isso entristece o Espírito Santo.
Ele é o Espírito da Vida (Rm 8.2), assim qualquer coisa que tenha o sabor de indiferença, mornidão, tédio ou apatia o entristece. Você passa dias sem abrir a sua Bíblia? Você prefere os recintos de prazer à casa de oração? Isto entristece muito este maravilhoso Espírito da vida.
Ele é o Espírito da Glória (1 Pe 4.14); dessa forma, tudo o que é mundano, terreno ou carnal o entristece. Você se ocupa com as coisas da carne? Você ama o mundo? Seu coração está apegado às coisas naturais? Isso entristece o Espírito Santo.
Ele habita em nós a fim de capacitar-nos a “crescer em Cristo em todas as coisas” e para nos levar diariamente “a conformar-nos à sua imagem”. Assim, qualquer coisa em nós que o impede de atingir esse objetivo o entristece. Permitir propositalmente que permaneça em sua vida qualquer coisa que seja contrária à natureza do Espírito Santo significa que você ama mais ao pecado do que a ele. Tal infidelidade o entristece.
A espiritualidade depende de um relacionamento harmonioso com o Espírito Santo. Entregar-se ao pecado conscientemente implica viver com um Espírito entristecido. Para ele nos encher, é preciso que sejamos purificados. “Deus não exige vasos de ouro, nem procura vasos de prata; contudo, ele requer vasos limpos.”
“Não apagueis o Espírito” (1 Ts 5.19)
Nós “entristecemos” o Espírito quando dizemos “Sim” às tentações de Satanás. Nós “apagamos” o Espírito quando dizemos “Não” às suas tentativas de atrair-nos a santificação e serviço. Talvez, a tarefa mais árdua do Espírito Santo seja conduzir o discípulo de Jesus a ficar inteiramente dentro da vontade de Deus. O desejo de fazer a própria vontade está latente em cada um de nós e está sempre irrompendo em rebeldia. A única cura para esse desejo é a escolha deliberada de fazer a vontade de Deus em tudo, em todo o tempo e a qualquer custo. É ter o coração firmemente decidido a fazer da vontade de Deus a norma para sua vida diária e a não permitir nenhuma exceção a essa regra.
Entristecer ou apagar o Espírito é pecado. Ele habita dentro de nós para nos limpar e purificar. Em uma sala escura, muita sujeira passa despercebida, mas quando se abrem as portas e janelas e o sol brilha no seu interior, até a poeira fina é revelada. O Espírito Santo lança luz sobre o pecado em nossa vida e, quanto mais completamente ele nos enche, mais nítida será a revelação do pecado e mais perfeito o reconhecimento dele.
Quanto mais Deus se aproxima de nós, mais sensíveis ao pecado nos tornamos. Muitas coisas que há um ano ou, até mesmo, há um mês nem chamaríamos de pecado, agora, reconhecemos como abomináveis ao Senhor.
Os meios de purificação
Tanto para o pecador quanto para o convertido não há necessidade de nada além do sangue de Jesus para purificar o pecado. “O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7).
O cristão vive em constante contato com o pecado, e até o tempo presente do verbo mostra, sem sombra de dúvida, que ele nunca chegará a uma posição em que não precise mais do sangue purificador de Cristo.
O método de purificação
O Espírito Santo nos mostrará o que o entristece e nos apontará o texto de 1 João 1.9; a partir daí começa a nossa responsabilidade. Deus exige de nós somente uma coisa – uma confissão franca e completa, movida por um sincero arrependimento de coração. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1.9).
Deus não aceitará substituto algum para a confissão e discerne instantaneamente quando há alguma insinceridade. Em algum momento, já passou por sua cabeça a ideia de que Deus aceitaria de você uma quantia maior de dinheiro, um trabalho maior na obra dele ou um período maior de oração para compensar sua falta de confissão de pecado? Ou você conseguiu iludir a si mesmo, pensando que a tristeza por causa do sofrimento causado pelo pecado ou o reconhecimento forçado de alguma ofensa sem qualquer contrição pelo pecado em si equivale à confissão?
Às vezes, uma suposta confissão nada mais é que a confissão de um pecado do outro e uma justificação das próprias ações. Outras vezes, a confissão é apenas parcial. Confessa-se o aspecto mais visível, enquanto a verdadeira raiz do pecado é totalmente omitida.
Alguns pecados podem ser confessados somente a Deus, porque só foram cometidos contra ele (Sl 51.4). Outros pecados precisam ser confessados para as pessoas contra as quais pecamos (Tg 5.16). Finalmente, deve haver confissão pública em situações em que todo o povo de Deus foi prejudicado coletivamente (Js 7.19-25).
A medida da purificação
“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2 Co 7.1).
A purificação precisa atingir toda a impureza tanto da carne quanto do espírito. Deus requer a separação de todas as coisas impuras.
A purificação que Deus exige abarca desde o desejo mais íntimo até a ação mais visível, que começa no cerne interior e vai até a circunferência exterior da nossa vida. Ele pede que adotemos o seu conceito de pecado, de acordo com o qual um olhar de cobiça é tão pecaminoso quanto o próprio ato imoral, que considera como assassino aquele que tem ódio no coração, tanto quanto aquele que tem uma adaga manchada de sangue em suas mãos.
Você se parece com os fariseus de antigamente que eram como sepulcros caiados, que pareciam bonitos por fora, mas por dentro estavam cheios de impurezas? Deus ordena que nos purifiquemos tanto por dentro quanto por fora. Há alguma raiz de pecado em sua vida que está lá há muitos anos? Raízes se multiplicam e se espalham. Formam um rastro de pecado marcando a vereda de sua vida desde então. Você precisa voltar atrás nesse caminho, clamando por purificação de todos os pecados.
A retirada da presença poderosa de Deus do meio de seus filhos até que o pecado seja afastado é ilustrada de maneira dramática na história do pecado de Acã. Deus já tinha advertido os filhos de Israel, quando da tomada de Jericó, que ninguém deveria tomar coisa alguma dos despojos para si mesmo. Entretanto, Acã, por causa da cobiça, tomou ouro, prata e uma capa babilônica e as escondeu debaixo de sua tenda. Ninguém viu o que fez, a não ser Deus, cujos olhos veem todas as coisas. Logo depois, Israel enfrentou uma acachapante derrota em Ai. Josué, prostrando-se com o rosto em terra, pôs a culpa em Deus por tamanha humilhação diante dos inimigos.
Porém, Deus ordenou que Josué parasse de orar. Disse que não manifestaria sua presença com poder enquanto as coisas condenadas estivessem escondidas entre eles. O homem que tinha cobiçado, roubado e mentido teria de ser encontrado e o pecado teria de ser confessado.
Existe um Acã em sua igreja que impede a manifestação do poder de Deus? É você essa pessoa? Você tem orado fervorosamente pela plenitude do Espírito Santo enquanto, ao mesmo tempo, continua cedendo conscientemente a algum pecado conhecido, desobedecendo voluntariamente a uma ordem de Deus ou resistindo deliberadamente à sua vontade claramente revelada?
Se é assim, Deus está lhe dizendo: “Levante-se; por que está prostrado assim sobre o seu rosto? Vocês pecaram, e eu não mais estarei com vocês a não ser que eliminem as coisas condenadas que estão encobertas. Levantem-se, santifiquem-se, não poderão resistir aos seus inimigos enquanto não eliminarem do meio de vocês as coisas condenadas” (veja Js 7.10-13).
Enquanto você estiver vivendo com um Espírito entristecido ou um Espírito apagado, você não pode ser cheio dele. Para ser cheio do Espírito, é preciso estar purificado do pecado.
Extraído de Rivers of Living Water (Rios de Água Viva), por Ruth Paxson.