Celebrando Deus

Santidade – Saúde da Alma (Parte 2)

TRÊS ESTÁGIOS NO PECADO DELIBERADO

Existem três estágios nessa forma de pecado:

Primeiro, “O pecado é a transgressão da lei” (I João 3:4). Todos creem nisso. É a definição simples e comum do pecado. Em outras palavras, pecado é delito, mau procedimento.

Segundo, “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4:17). Pecado é negligência em fazer o que é certo. Uma grande maioria concorda com a primeira definição, mas não com a segunda. Muitos dentre os filhos de Deus dizem que pecado é proceder mal, mas não aprendem que quando Deus lhes dá oportunidade de realizar uma tarefa para Ele e deixam de fazê-la, isso é pecado.

Terceiro, “Tudo que não é de fé é pecado” (Rm 14:23). Esta definição vai ainda mais fundo. Se na minha vida, como cristão, se apresentar a mim uma questão sobre certo e errado, a respeito da qual alimentam dúvidas, e eu continuar agindo como se estivesse fazendo a coisa certa, embora mantendo dúvidas sobre ela, estou pecando, porque “minha atitude não é de fé”.

Se muitos jovens crentes pudessem observar e crer nisso, não precisariam fazer tantas perguntas, por exemplo estas:

“É correto que eu vá ali e acolá?”

“O que você acha disso”?

“Bem, eu não sei”.

Então está errado. No momento em que você estiver em dúvida sobre um determinado curso de ação, é seu dever solene deixar de agir assim. Ao cometer um ato duvidoso, você está positivamente pecando contra Deus. Pode ser que até agora você tenha feito alguma coisa de boa mente; mas, de súbito, em seu íntimo, em meio a algum serviço para Deus, essa coisa aparece e você olha para ela como se nunca a tivesse visto antes, e se pergunta: “Será que isto está certo”?

Seu dever é deixar de lado esta coisa, a partir do momento que a dúvida surgiu. No decorrer do tempo, talvez possa voltar a fazê-la, caso o ponto duvidoso seja solucionado, mas não permita que coisa alguma sobre a qual haja uma sombra de dúvida permaneça entre você e sua comunhão pessoal com Deus. No momento em que se puser a praticá-la, estará na região do pecado.

No tocante a nossa vontade, somos hoje exortados a dizer: “Senhor, vamos deixar de cometer delitos em nossa vida e nos colocaremos no lugar da obediência ativa e disposta. Não haverá resistência à tua vontade quanto tu a revelares, em qualquer lugar, seja em nosso lar, nossos hábitos, nossa vida interior. Deixaremos de fazer qualquer coisa sobre a qual tenhamos dúvida”.

 

ENTREGA TOTAL

Lemos em Romanos 12:1 “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Não deve haver separação e renúncia, mas também a entrega de todo o meu ser a Deus.

Não existe palavra que pareça exprimir tudo o que quero dizer por esta entrega. “Consagração” é um termo abençoado, mas as pessoas parecem pensar que consagração significa oferecer-nos uma e outra vez de novo a Deus. Mas, não podemos repetir a nossa consagração, embora possamos lembrar repetidamente do fato de que ela é perpétua. A palavra que me ajuda mais do que qualquer outra, como sinal da minha atitude para com Deus é “abandono”. É uma palavra poderosa, cheia de fraqueza, e indica que eu me apoio em Deus.

Mas, e quanto às consequências?

Nada tenho a ver com as consequências.

“Mas Deus pode tirar-me totalmente do lugar onde estou.”

Eu nada tenho a ver com isso. Seja na China, na Índia, na América, na Inglaterra, ou no céu, eu não me importo. Isto é entrega. Isto é abandono, se é que sei algo a respeito. “Senhor, faça comigo como Tu queres; em todos os relacionamentos da minha vida, em todas as avenidas do meu seu, em todas as partes e em todos os tempos”. “Apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

Pela graça de Deus renuncie agora ao pecado, separe por completo a velha vida e a nova, no tocante ao erro e à vontade. Você não pode abandonar seus erros, a menos que receba energia de Deus; mas não receberá essa força divina até que se afaste de seus erros. Enquanto estiver agarrado ao pecado, ou negligenciando o que lhe cabe fazer, ou agindo de maneira duvidosa, jamais receberá a bênção de Deus. Mande embora o pecado, e diga: “Deus, receba-me”.

O que vem depois?

Creia. Abandono e fé, não sei qual deles vem primeiro. Os dois andam juntos.

Alguns podem dizer: “Nós nos abandonamos, mas não podemos confiar”.

Se for assim, então você não se abandonou. De nada vale ficar de pé à margem de um lindo poço de gelo e dizer que ele suporta o seu peso, enquanto não passar realmente pelo mesmo. Avante! Eu não posso acreditar que ele aguenta se não o vir sobre o gelo. Creia e abandone-se a Ele num só e grande ato. Oh, meu irmão, ansiando como está por saúde completa como um grande alvo a ser alcançado, não irá deixar seu pecado e voltar-se para Deus? Você não pode viver a vida abençoada mediante esforço próprio, mas ELE a vive em você por Sua graça irresistível e a Ele, sempre e para sempre seja a glória. Ele tem-me ensinado que eu nada posso, mas ELE pode todas as coisas, É essa a minha condição, e esse o poder.

 

PEQUENOS OBSTÁCULOS

Como uma coisa insignificante pode impedir que homens e mulheres desfrutem desta vida abençoada! Em 1895 eu fui a Douglas, na Ilha do Homem, e numa de minhas reuniões vespertinas uma jovem senhora procurou-me para contar que perdera toda a sua alegria quatro anos antes.

“Louve a Deus por isso”, disse eu.

“Pelo quê”? replicou ela.

“Porque sabe quando ela se foi; porque, desde que saqbe quando ela se foi, sabe também como é que se foi”.

“Penso que não sei”, falou a mulher.

“Sim, você sabe, você está muito certa quanto à época; agora volta há quatro anos e diga-me o que aconteceu”.

Ela curvou a cabeça por alguns momentos, e eu percebi que algo realmente acontecera.

“O que foi?”

Ela respondeu: “Discordei de minha amiga mais antiga. Ambas éramos cristãs, e queria dizer-lhe que era eu quem estava errada, mas não o fiz, e agora ela partiu e deixou o país”.

“Bem”, disse eu, “está vendo como sabe tudo a respeito?”

“O que devo fazer então”? perguntou.

Escreva a sua amiga e diga-lhe que o erro foi seu; que é isso que o Mestre quereria que fizesse na ocasião”.

“Não posso fazer tal coisa”.

“Você não terá alegria de volta até que o faça”.

Ela compareceu durante os quinze dias que duraram as reuniões e lutou contra Deus. Aquela pessoa guardava em seu íntimo todo o conhecimento da vida abençoada que guardava no passado, e ainda estava em trevas porque não queria retornar ao ponto de Deus e ser obediente.

No ano seguinte, voltei a Douglas, e minha primeira palestra foi dirigida aos obreiros. Uma das primeiras pessoas que encontrei foi aquela jovem mulher, e lhe disse:

“Você enviou a carta”.

“Sim”, respondeu ela. Cada linha de seu rosto me convenceu de que a alegria tinha voltado. E continuando: “Eu escrevi ontem à noite! Estive lutando com Deus durante doze meses sobre aquela carta, e durante toda a semana passada, enquanto esperava ansiosa por estas reuniões, estive no inferno, e finalmente exclamei: ‘Ó Deus, não posso mais suportar isto, vou ceder.’ Escrevi a carta, selei-a e à meia-noite joguei-a na caixa do correio. No momento em que a carta entrou na caixa, o céu voltou ao meu coração.

Por certo que voltou.

Qual é a coisinha que está mantendo o céu e Deus fora do seu coração, e todas estas bênçãos afastadas da sua alma? Quem traz purificação e a luz é Ele, mas você precisa ser obediente. Peço-lhe que atente naquilo sobre o que Ele colocou a sua mão. Separe-se. Renunciai ao pecado. Aproxime-se de Deus e a cura e a bênção serão suas.

(Revista À MATURIDADE, Número 12, Inverno de 1982)